quinta-feira, 28 de junho de 2018

A revolução do poema




Quando partir o que ficará na memória
Serão os versos que fiz
Ao me esquecer das armadilhas da realidade.
Meus poemas serão eternizados. 
Não pelo registro em páginas
Ou em folhas que se diziam apagadas
Pelas dúvidas do tempo.
Em minhas lembranças
Suas tentativas construirão
Castelos de superstições
Criadas por aquilo que nem sei de onde virá.
O que permanecera viva
E intacta
Serão os traços que modelaram
As vozes de minha luta
E superação.
Em cada linha
Uma lágrima
Um suor
Uma verdade e uma perda.

Ao me despedir
Em resistência
Renascerei a força
Do poema que abriga em minhas virtudes.
No descanso a batalha
Na revolução o repouso dos segredos perdidos.

Ser poesia
É arquivar em si próprio
Um olhar distante da realidade
E permanecer luz
Em meio aos gritos da escuridão.
Não é na sensação
Mais comum ou remota
Que surge a presença do poeta.

É no que a realidade se esqueceu
Para simplesmente
Continuar sendo
Uma refém de sua própria ilusão,
Que desperta no instante
Em que o poema se apresenta
Para proclamar sua revolução.

Hugo Paz

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